quarta-feira, 28 de março de 2012

GRAÇA O ESTEREÓTIPO DE CRISTO

INTRODUÇÃO
 Ao longo dos anos tenho me deparado com situações que tem me feito refletir muito sobre algumas questões. Muitas delas tenho vivido pessoalmente, ou compartilhado com alguém próximo de mim, outras, assistido a distância, contudo sem perder a visibilidade, que muitas vezes parece mais uma penumbra, tornando a obscuridade dos fatos um espetáculo, onde o sabor da jactância é o suficiente para levar pobres criaturas indefesas à arena do sofrimento, onde o uso impulsivo das palavras ocupa o lugar da razão.

Uma coisa que percebi é, como as pessoas têm a facilidade de tirar conclusões precipitadas dos fatos. Aliás, isto não é nenhuma novidade, pois a bíblia nos dá detalhes de como isso acontecia desde a antiguidade. É só darmos uma olhadinha no livro mais antigo da bíblia, que já vamos perceber o patriarca Jó em maus lençóis com seus amigos. Imaginam se não fosse a intervenção de Deus, coitado de jó, seus amigos teriam lhe enterrado vivo.

Não é diferente nos dias atuais, onde o pré-julgamento tem sido constante nos círculos viciosos de nossas comunidades, sendo que a tão desejada koinonia, acaba cedendo a sua vez para o apetite desenfreado da última informação capciosa a respeito daqueles que chamamos de irmãos. Caminhe você comigo no tempo, e tire suas próprias conclusões. Quanto tempo é ocupado com questões banais; tempo que poderíamos utilizar na construção de uma cosmovisão salutar, onde todo o esforço impregnado no logos resultaria na busca sem reservas de uma aproximação daquele que era, que é, e sempre será o círculo linear de nossa existência. Mas somos humanos! Envolvidos em um círculo vicioso, impregnado numa sistemática impulsionada pelo ego que adora ser massageado, mesmo que esta massagem seja oriunda do portão exterior do jardim do Éden.

Existe, porém, o caminho que faz o sentido contrário e termina na cruz. Foi através deste caminho que o homem encontrou o caminho de volta para casa. Através de um gesto sublime de Graça Cristo comprou através do seu sangue nossa liberdade. Desde o eterno passado até o presente e pela eternidade futura vamos perceber esta ação envolvente de Cristo que na linguagem humana encontramos sua melhor definição na palavra GRAÇA: um favor não merecido.

A palavra “Graça” é uma transliteração do vocábulo “gratus” em latim, que denota algo “agradável”, “amável”. Na teologia cristã “graça” indica o favor divino, oferecido gratuitamente, através de Cristo. Segundo o dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, a palavra (no hebraico, hçn) para favor ou graça é uma palavra cognata do acadiano ençnu, hanânu, “conceder um favor”, do ugarítico hnn, “ser gracioco, demonstrar favor” e do árabe hanna, “sentir solidariedade, compaixão”. Já segundo o dicionário internacional de teologia do Novo Testamento encontramos no grego a palavra charis, “graça”, “graciosidade”, “amabilidade”, “favor”, “gratidão”

O Novo testamento emprega o termo charis 155 vezes, (só nas Epístolas de Paulo aparece cerca de 100 vezes). Para o apóstolo Paulo, charis é a essência do ato salvífico de Deus mediante Jesus Cristo. Em Cristo, a graça de Deus é dada como o dom precioso (1 Co 1:4). Sem Ele, não se pode falar em graça (cf  1 Co 1: 30-31).

Fhilip Yancey é muito feliz em sua descrição sobre a graça quando diz que “graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais”. Continuando seu pensamento Yancey ainda diz que “graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar menos”. É muito sábia a observação de Yancey, pois não são as nossas atitudes que vão servir de termômetro para o amor de Deus.
O amor de Deus para conosco é um amor incondicional.
Paulo Romero observa algumas das diversas expressões que a teologia cristã desenvolveu para os diferentes empregos do termo graça:

Graça Comum: são os benefícios de Deus que chegam, indiscriminadamente, a todos os seres humanos. Um dos textos bíblicos que ilustra essa verdade está registrado em Mateus 5:45: “...Porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos”.
Graça especial: é através dela que Deus redime e santifica seu povo. É concedida apenas aos que herdarão a vida eterna.
Graça preveniente: é a graça que se manifesta em primeiro lugar e precede o esforço e a decisão do ser humano.
Graça eficaz: é a graça capaz de produzir o resultado para o qual ela foi concedida.
Graça irresistível: é a graça que não pode ser rejeitada pelo ser humano.
                        Graça suficiente: é a graça apropriada para a salvação do cristão.

Quando me refiro ao estereótipo estou fazendo menção a algo fixo, inalterável. É exatamente esta a condição da graça, a essência da ação salvífica de Cristo para conosco. Numa esfera de graça, todos os atos de Cristo aqui na terra conciliaram consigo a necessidade de salvação para o homem.  Em uma ação gerada da mais sublime atitude de graça, Cristo tornou-se o penhor da nossa salvação.

Em uma palavra poderíamos resumir graça como: a chave que pode abrir todas as portas da parede de nossa existência, transpondo todo cenário do medo e insegurança para a busca de um relacionamento sólido e transcendental, partindo do mais íntimo de nossos sentimentos ultrapassando todo estereótipo periférico, sondando as bases de nossa alma num estupefato desejo superior, chegando até a superfície de nosso espírito acendendo a lâmpada que nos mostra a direção celestial, colocando-nos frente a frente com a vida numa esplêndida visão como que num espelho, retratando-nos através de Cristo a imagem do criador, dando-nos uma nova condição de vida, através de um elo de ligação proporcionado pelo glorioso Espírito Santo, que nos faz chegar até a presença de Deus.
 Obs: O texto acima foi extraído da introdução do meu livro "Graça o estereótipo de Cristo".
      



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