sábado, 15 de setembro de 2012

CANDIDATOS EM LIQUIDAÇÃO


Por Hélio Machado

Ola amigos! Aqui estamos nós outra vez. Trago saudações do Zé ninguém. Conversei com ele ontem e me contou algumas novidades.

Contou-me que descobriu um novo programa na Tevê. O tal de horário eleitoral gratuito. Zé Ninguém queria assistir à novela, mas não a encontrou em nenhum canal. O que descobriu em seu lugar foi o tal de espaço reservado para propaganda eleitoral gratuita. Então resolveu assistir, visto ser o que tinha para o momento.

O que Zé Ninguém não entendeu muito bem foi o significado do nome do programa. “Propaganda eleitoral gratuita”? Por que gratuito? Será que é de graça mesmo? Ninguém está pagando? É tão ruim assim a ponto de eles oferecê-lo de graça?

Bom! Mas como Zé Ninguém cresceu ouvindo um ditado popular que “de graça se aceita até injeção na testa”, então tudo bem.

Porém o que mais aborreceu Zé Ninguém foi a qualidade do programa. Ele achou os atores muito fracos. Muitos coadjuvantes para pouca encenação. Tinham alguns que até pareciam como ele. Não sabiam nem mesmo falar direito.

Zé Ninguém observou ainda, que alguns pareciam estar com medo de alguma coisa, pois não olhavam para as câmeras. Outros deveriam estar com algum problema de esquecimento, pois pareciam, ter levado anotado em algum papel o que iriam falar. E não era nenhum tipo de discurso formal, mas apenas algumas frases rabiscadas, tipo meu nome é..., me chamo..., moro no bairro tal..., meu numero é..., etc.

O que deixou Zé Ninguém apavorado é que muitos que estavam em cena eram chamados de doutor, contudo também interpretavam mal.

Outra coisa que ele percebeu é que quase todo mundo repetia a mesma coisa. Todos se diziam amigos da comunidade, que já realizaram muito pelo município, e que estariam dispostos a fazer muito mais, e assim por diante.

Foi aí que Zé Ninguém percebeu que a comédia não era nada romântica, e que quase tudo não passava de mera ficção.

É mais ou menos assim. Pensam que ainda estão no início. Mas o povo já ouviu pela milésima vez as mesmas repetições. Zé Ninguém já não agüenta mais.

Por um instante Zé Ninguém chegou pensar que estava assistindo a alguma espécie de propaganda de liquidação, tipo aproveite por que está quase de graça, é queima de estoque.

Zé Ninguém até se achou importante. Disse que do tipo deles não seria tão difícil ser ator. Talvez até ele fizesse melhor.

Talvez a única diferença mesmo estivesse no salário que eles receberiam para fazer aquilo, comparando com o salário que ele recebia para trabalhar no batente todos os dias.

Zé Ninguém chegou até iniciar o ensaio de um discurso de improviso, mas então surgiu na tevê um Plim! Plim! E em seguida um comercial.

Era hora de voltar à vida real, pois a novela já estava para começar.