Conforme relato da escritora Rebeca Manley
Pippert, em um artigo publicado na revista americana “Campus Life” (A vida no campus), uma jovem enfermeira escreve sobre
sua luta para aprender a enxergar em uma paciente a imagem de Deus sob um “doloroso disfarce”.
Eileen foi uma de suas primeiras pacientes,
um caso completamente sem esperanças. “Um aneurisma cerebral (rompimento de
veias no cérebro)”, escreve a enfermeira, “impedia que ela tivesse consciência
do que ocorria em todo o seu corpo”. Logo os médicos concluíram que Eileen
estava totalmente inconsciente, incapaz de sentir dor e alheia a tudo o que se
passava a seu redor.
A equipe de enfermagem do hospital tinha a
responsabilidade de virá-la no leito a cada hora para evitar a formação de
escaras e de alimentá-la duas vezes por dia “com uma espécie de mingau ralo que
passava por um tubo até chegar ao estômago”. Cuidar dela era uma tarefa
ingrata.
Em estados tão graves como esse –
dissera-lhe uma enfermeira mais antiga do hospital -, você precisa desligar-se
emocionalmente da situação. Em conseqüência disso, Eileen começou a ser tratada
cada vez mais como um objeto, um vegetal...
Porém, a jovem enfermeira, decidiu que não
trataria aquela paciente assim. Ela conversava com Eileen, cantava para ela,
incentivava-a e chegou até a presenteá-la com algumas lembrancinhas.
Certo dia, quando a situação ficou
realmente muito complicada, sendo a ocasião ideal para a jovem enfermeira
descarregar toda a sua frustração sobre a paciente, ela, pelo contrário, agiu
com extrema bondade. Era o Dia de Ações de Graças (data especial comemorada
pelos americanos) e a enfermeira disse à paciente:
- Eu estava muito mal humorada esta manhã.
Eileen, porque hoje seria o meu dia de folga. Mas, agora que estou aqui,
sinto-me feliz. Eu não poderia deixar de vê-la no Dia de Ações de Graças. Você
sabia que hoje é Dia de Ações de Graças?
Nesse exato momento, o telefone tocou.
Enquanto se virava para atendê-lo, a enfermeira olhou de relance para a
paciente. Ela relatou: Eileen estava “olhando
para mim... chorando. Grandes lágrimas caíam sobre o travesseiro, e seu
corpo inteiro tremia”.
Aquela única manifestação de emoção que
Eileen deixou transparecer foi suficiente para mudar a atitude de todos os
funcionários do hospital em relação a ela. Pouco tempo depois, Eileen faleceu.
A jovem enfermeira encerra seu artigo
dizendo: “continuo a pensar nela...
Ocorreu-me que devo muito a ela. Se não fosse Eileen, eu jamais saberia o que
significa dedicar-se a alguém que não pode
oferecer nada em troca”.
E você? Já sabe o significado de dedicar-se a
alguém que não pode oferecer nada em troca?...
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