INTRODUÇÃO
Uma coisa que percebi é, como as pessoas têm a facilidade de tirar
conclusões precipitadas dos fatos. Aliás, isto não é nenhuma novidade, pois a
bíblia nos dá detalhes de como isso acontecia desde a antiguidade. É só darmos
uma olhadinha no livro mais antigo da bíblia, que já vamos perceber o patriarca
Jó em maus lençóis com seus amigos. Imaginam se não fosse a intervenção de
Deus, coitado de jó, seus amigos teriam lhe enterrado vivo.
Não é diferente nos dias atuais, onde o pré-julgamento tem sido
constante nos círculos viciosos de nossas comunidades, sendo que a tão desejada
koinonia, acaba cedendo a sua vez para o apetite desenfreado da última
informação capciosa a respeito daqueles que chamamos de irmãos. Caminhe você comigo no tempo, e tire suas próprias
conclusões. Quanto tempo é ocupado com questões banais; tempo que poderíamos
utilizar na construção de uma cosmovisão salutar, onde todo o esforço
impregnado no logos resultaria na busca sem reservas de uma aproximação daquele
que era, que é, e sempre será o círculo linear de nossa existência. Mas
somos humanos! Envolvidos em um círculo vicioso, impregnado numa
sistemática impulsionada pelo ego que adora ser massageado, mesmo que esta
massagem seja oriunda do portão exterior do jardim do Éden.
Existe, porém, o caminho que faz o
sentido contrário e termina na cruz. Foi através deste caminho que o homem
encontrou o caminho de volta para casa. Através de um gesto sublime de Graça
Cristo comprou através do seu sangue nossa liberdade. Desde o eterno passado até o presente
e pela eternidade futura vamos perceber esta ação envolvente de Cristo que na
linguagem humana encontramos sua melhor definição na palavra GRAÇA: um favor
não merecido.
A palavra “Graça” é uma transliteração do
vocábulo “gratus” em latim, que denota algo “agradável”, “amável”. Na
teologia cristã “graça” indica o favor divino, oferecido gratuitamente,
através de Cristo. Segundo
o dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, a palavra (no
hebraico, hçn) para favor ou graça é uma palavra cognata do acadiano ençnu,
hanânu, “conceder um favor”, do ugarítico hnn, “ser gracioco,
demonstrar favor” e do árabe hanna, “sentir solidariedade, compaixão”. Já
segundo o dicionário internacional de teologia do Novo Testamento encontramos
no grego a palavra charis, “graça”, “graciosidade”, “amabilidade”,
“favor”, “gratidão”.
O Novo testamento emprega o termo charis 155
vezes, (só nas Epístolas de Paulo aparece cerca de 100 vezes). Para o
apóstolo Paulo, charis é a essência do ato salvífico de Deus mediante
Jesus Cristo. Em
Cristo, a graça de Deus é dada como o dom precioso (1 Co 1:4). Sem Ele, não se
pode falar em graça (cf 1 Co 1: 30-31).
Fhilip Yancey é muito feliz em sua descrição sobre a graça
quando diz que “graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus
nos amar mais”. Continuando seu pensamento Yancey ainda diz que “graça
significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar menos”. É muito sábia a observação
de Yancey, pois não são as nossas atitudes que vão servir de termômetro para o
amor de Deus.
O amor de Deus para conosco
é um amor incondicional.
Paulo Romero observa algumas
das diversas expressões que a teologia cristã desenvolveu para os diferentes
empregos do termo graça:
Graça Comum: são os benefícios de Deus que chegam,
indiscriminadamente, a todos os seres humanos. Um dos textos bíblicos que
ilustra essa verdade está registrado em Mateus 5:45: “...Porque ele faz nascer
o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos”.
Graça especial: é através dela que Deus redime e
santifica seu povo. É concedida apenas aos que herdarão a vida eterna.
Graça preveniente: é a graça que se manifesta em
primeiro lugar e precede o esforço e a decisão do ser humano.
Graça eficaz: é a graça capaz de produzir o resultado
para o qual ela foi concedida.
Graça irresistível: é a graça que não pode ser
rejeitada pelo ser humano.
Graça suficiente: é a graça apropriada para a
salvação do cristão.
Quando me refiro ao estereótipo estou
fazendo menção a algo fixo, inalterável. É
exatamente esta a condição da graça, a essência da ação salvífica de Cristo
para conosco. Numa esfera de graça, todos os atos de Cristo aqui na terra
conciliaram consigo a necessidade de salvação para o homem. Em uma ação gerada da mais sublime atitude de
graça, Cristo tornou-se o penhor da nossa salvação.
Em uma palavra poderíamos resumir graça como: a chave que pode
abrir todas as portas da parede de nossa existência, transpondo todo cenário do medo e
insegurança para a busca de um relacionamento sólido e transcendental, partindo
do mais íntimo de nossos sentimentos ultrapassando todo estereótipo periférico,
sondando as bases de nossa alma num
estupefato desejo superior, chegando até a superfície de nosso espírito
acendendo a lâmpada que nos mostra a direção celestial, colocando-nos frente a
frente com a vida numa esplêndida visão como que num espelho, retratando-nos
através de Cristo a imagem do criador, dando-nos uma nova condição de vida,
através de um elo de ligação proporcionado pelo glorioso Espírito Santo, que
nos faz chegar até a presença de Deus.
Obs: O texto acima foi extraído da introdução do meu livro "Graça o estereótipo de Cristo".
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