Por Hélio Machado
Ola
amigos! Aqui estamos nós outra vez. Trago saudações do Zé ninguém. Conversei
com ele ontem e me contou algumas novidades.
Contou-me
que descobriu um novo programa na Tevê. O tal de horário eleitoral gratuito. Zé
Ninguém queria assistir à novela, mas não a encontrou em nenhum canal. O que
descobriu em seu lugar foi o tal de espaço reservado para propaganda eleitoral
gratuita. Então resolveu assistir, visto ser o que tinha para o momento.
O
que Zé Ninguém não entendeu muito bem foi o significado do nome do programa.
“Propaganda eleitoral gratuita”? Por que gratuito? Será que é de graça mesmo? Ninguém
está pagando? É tão ruim assim a ponto de eles oferecê-lo de graça?
Bom!
Mas como Zé Ninguém cresceu ouvindo um ditado popular que “de graça se aceita
até injeção na testa”, então tudo bem.
Porém
o que mais aborreceu Zé Ninguém foi a qualidade do programa. Ele achou os
atores muito fracos. Muitos coadjuvantes para pouca encenação. Tinham alguns
que até pareciam como ele. Não sabiam nem mesmo falar direito.
Zé
Ninguém observou ainda, que alguns pareciam estar com medo de alguma coisa,
pois não olhavam para as câmeras. Outros deveriam estar com algum problema de esquecimento,
pois pareciam, ter levado anotado em algum papel o que iriam falar. E não era
nenhum tipo de discurso formal, mas apenas algumas frases rabiscadas, tipo meu
nome é..., me chamo..., moro no bairro tal..., meu numero é..., etc.
O
que deixou Zé Ninguém apavorado é que muitos que estavam em cena eram chamados
de doutor, contudo também interpretavam mal.
Outra
coisa que ele percebeu é que quase todo mundo repetia a mesma coisa. Todos se
diziam amigos da comunidade, que já realizaram muito pelo município, e que estariam
dispostos a fazer muito mais, e assim por diante.
Foi
aí que Zé Ninguém percebeu que a comédia não era nada romântica, e que quase
tudo não passava de mera ficção.
É
mais ou menos assim. Pensam que ainda estão no início. Mas o povo já ouviu pela
milésima vez as mesmas repetições. Zé Ninguém já não agüenta mais.
Por
um instante Zé Ninguém chegou pensar que estava assistindo a alguma espécie de
propaganda de liquidação, tipo aproveite por que está quase de graça, é queima
de estoque.
Zé
Ninguém até se achou importante. Disse que do tipo deles não seria tão difícil
ser ator. Talvez até ele fizesse melhor.
Talvez
a única diferença mesmo estivesse no salário que eles receberiam para fazer
aquilo, comparando com o salário que ele recebia para trabalhar no batente todos
os dias.
Zé
Ninguém chegou até iniciar o ensaio de um discurso de improviso, mas então
surgiu na tevê um Plim! Plim! E em seguida um comercial.
Era
hora de voltar à vida real, pois a novela já estava para começar.
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